quarta-feira, dezembro 07, 2005

Andar (5) ... na névoa de Outono


Uma névoa de Outono o ar raro vela,

Cores de meia-cor pairam no céu.

O que indistintamente se revela,

Árvores, casas, montes, nada é meu.


Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.

Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.

Mas entre mim e ver há um grande sono.

De sentir é só a janela a que eu assomo.



Amanhã, se estiver um dia igual,

Mas se for outro, porque é amanhã,

Terei outra verdade, universal,

E será como esta.

Fernando Pessoa, 5-11-1932

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Lindo o poema...! Mas há algum problema com as fotografias, porque não as consigo visualizar

3:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
»

7:32 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Super color scheme, I like it! Good job. Go on.
»

7:39 da manhã  

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