sexta-feira, março 03, 2006

Ver (12) ... a Garça-boieira

Ave de tamanho médio (altura 50 cm) e de plumagem branca com partes amarelo-alaranjadas (coroa, manto e peito) e bico amarelo, à distância parece toda branca. Distingue-se da garça-branca-pequena por esta ter bico preto, como veremos em breve...

Garças-boieiras alimentando-se depois de uma giratória reparar um dique minado pelos lagostins-de-água-doce

A garça-boieira Bubulcus ibis, também conhecida por carraceiro, é residente em Portugal, e é fácil de encontrar alimentando-se em bandos em terrenos abertos, caminhando no meio do gado ou atrás de tractores, pois obtém o alimento (insectos, répteis e pequenos vertebrados) que estes espantam.

É muito comum, habitando pastagens, lagoas costeiras, prados húmidos, arrozais, pauis, açudes e barragens.


Cria em colónias com outras garças, em caniçais, arbustos ou árvores, de Abril a Junho. Faz uma postura de 4 a 5 ovos, raramente 6. Incuba durante 22-26 dias e as crias voam após 30 dias.


As colónias mais importantes localizam-se todas a sul do Tejo, à excepção da do Paúl de Boquilobo, junto à Golegã (onde já estive e vou apresentar um dia...).


As fotos apresentadas foram tiradas, no Inverno, nos arrozais junto ao rio Mondego, com uma Canon EOS300D com SIGMA 70-300 DG APO a 300 mm, 200 ASA.




Andar (9) ... no porto palafitico da Carrasqueira

Perto da nascente, na serra da Vigia, Baixo Alentejo, poucos diriam que este rio se faria tão grandioso ao chegar ao mar, a cerca de 150 quilómetros. A partir de Alcácer do Sal, o Sado começa a formar um amplo estuário, que ainda assumiria dimensões mais notáveis não fora a barreira criada pelos contrafortes da serra da Arrábida.

Um estuário que originou sapais e zonas propicias á cultura do arroz, que fazem desta região um das mais importantes zonas húmidas do país, albergando os mais diversos habitats, hoje protegidos pela Reserva Natural do Estuário do Sado.

Seguindo a estrada que liga Alcácer à praia da Comporta, vamos contornar o enorme estuário do Sado, que aqui se espraia languidamente até encontrar o Oceano mais lá à frente. E que forma uma das mais belas paisagens ribeirinhas que conhecemos.

Com a particularidade de ainda se encontrarem algumas aldeias de pescadores, que se dedicam não só à pesca no estuário, como também à pesca ao longo de toda a costa alentejana. No estuário a pesca já não tem a fartura e a variedade de outros tempos, pois o enorme foco poluidor do conjunto industrial que se vê ao fundo, na zona da Mitrena, tem vindo a destruir grande parte dessa fauna. Eram famosas as ostras desta região.

Junto à aldeia da Carrasqueira (bastante descaracterizada mas onde ainda é possível encontrar algumas das antigas cabanas de estorno e madeira feitas pelos pescadores e salineiros), o engenho popular desenvolveu uma solução curiosa para resolver o problema do acesso aos barcos durante a maré baixa: o porto palafitico.

O porto palafitico é o verdadeiro ex-líbris da aldeia da Carrasqueira. É que, na zona, as margens do Sado são baixas e lamacentas e o acesso ás embarcações torna-se praticamente impossível se não houver água que chegue.

Assim foi construído um cais em madeira, cujos múltiplos braços penetram em ziguezague pelo sapal, formando, por um lado, uma vasta área de atracação de barcos e, por outro, um passadiço por onde facilmente redes, apetrechos e pescado podem circular, e que penetra Sado dentro mais de 500 m.

Percorrê-lo ao pôr-do-sol, quando a água se espelha e o silêncio desce sobre o rio, é uma experiência inesquecível (só os mosquitos podem estragar o passeio ...).

Todas as fotografias foram tiradas com um fish-eye Zenitar 16mm a f:8 e ASA 200; pessoalmente, gosto da distorção esférica que esta objectiva proporciona ...