segunda-feira, maio 22, 2006

Ver (17) ... a Pega-azul

A pega-azul ou charneco (Cyanopica cyanus) é uma das 115 espécies da família Corvidae (que incluí os corvos). De pequeno tamanho (pesa 70 gr), é facilmente reconhecível pelas asas alares azul celeste, o dorso cinzento, a garganta branca e a cabeça com um capuz preto.

De referir que está em revisão a sua reclassificação como nova espécie. Assim deixará de ser classificada como Cyanopica cyanus e passará a Cyanopica cooki. Isto segundo os estudos genéticos efectuados pelo Português Pedro Cardia em 2002. Dois anos de trabalhos levaram o investigador a concluir que a pega-azul que existe na Península Ibérica e na Ásia são, afinal, duas espécies diferentes.

Baseado em estudos genéticos que compararam o DNA mitocondrial da pega-azul que vive na Ásia e o da vive na Península Ibérica, Pedro Cardia, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, concluiu que as duas espécies "estão separadas há três milhões de anos e evoluiram separadamente, seguindo um caminho independente".

A questão que agora foi solucionada consistia em saber porque a mesma espécie de ave se encontrava com uma distribuição tão distante.

Até ao momento existiam duas teses. A primeira, a mais "romântica", seria a de que teriam sido os navegadores portugueses a trazer da Ásia a espécie, no século XVI e que esta se teria adaptado bem à região. A outra defendia que a pega-azul tinha uma distribuição mundial muito grande e que, com as glaciações, tivesse ficado reduzida à Ásia e à Península Ibérica.

A hipótese romântica foi descartada com a descoberta, em Gibraltar, de um fóssil com mais de 40.000 anos ...

A tese de mestrado de Pedro Cardia veio esclarecer as dúvidas e defende que a pega-azul é uma espécie autóctone (natural desta região) e endémica (que apenas existe na Península Ibérica). Agora surgem novas questões, nomeadamente, saber onde se refugiou a espécie durante as glaciações que também atingiram a Península Ibérica.

Esta investigação ainda não tem data de arranque marcada ...


A pega-azul é uma espécie relativamente comum, e está distribuída desde a Beira Interior ao Algarve. O seu habitat natural são as matas de azinheiras e sobreiros do centro e sul da Península Ibérica. São ainda vistas com frequência em pinhais, olivais e pomares.

A pega-azul apresenta alguns comportamentos sociais muito curiosos.

É durante os meses de Abril e Maio que a pega-azul inicia o seu período reprodutivo. Geralmente nidificam em colónias, podendo encontrar-se, por vezes, vários ninhos na mesma árvore. A postura é de 5 a 7 ovos que são incubados durante 15 dias exclusivamente pelas fêmeas, sendo estas, entretanto, alimentadas pelos machos.

É uma ave muito gregária, formando bandos que podem chegar aos 100 indivíduos. E para dormir, podem juntar-se vários bandos, que se voltam a separar no dia seguinte, de manhãzinha...

Sómente no início do Verão, quando os juvenis do ano abandonam os ninhos, se verifica a incorporação de novos animais nos bandos já formados.

Em meados de Março, os bandos começam a desagregar-se, quando se verifica uma alteração comportamental nas aves, pois formam-se casais (em alguns casos com lutas entre machos) que se mantêm em colónias.

Nesta altura verificam-se comportamentos muito interessantes de criação cooperativa. Em estudos efectuados, verificou-se que, em apenas cerca de 50% dos ninhos, a criação dos recém nascidos é feito exclusivamente pelos pais, em 30% houve um ajudante externo, em 10% 2 ajudantes, sendo raros os casos com 3 a 5 ajudantes, e mais raros ainda os casos de 9 a 11 ajudantes.

Esta ajuda parece estar relacionada com existência de mais machos do que fêmeas, pelo que inúmeros machos não conseguem atingir o estatuto de “reprodutor”, adoptando assim o de “ajudante”.

Os ajudantes são portanto na sua quase totalidade machos, e dividem-se em 2 tipos: os de “primeira opção”, que nem sequer tentaram reproduzir-se, e os de “segunda opção”, que tentaram reproduzir-se e não conseguiram. A proporção de jovens e adultos nas duas classes de ajudantes è similar, e os papéis de reprodutor e ajudante são reversíveis de ano para ano.

Os ajudantes participam na maior parte das tarefas ligadas à reprodução: defesa do ninho, alimentação dos juvenis, retirada de excrementos dos ninhos, e, em certos casos, alimentação da fêmea durante a incubação.

As crias recebem cerca de 50% da alimentação total do pai, 25% da mãe e 25% dos ajudantes. Dado que os progenitores mantêm mesmo com ajudantes o esforço de alimentação das crias, existirá um reforço na alimentação total que estas recebem, aumentando assim o nº de crias viáveis por ninho.

Estudos referem que, sem ajudantes, a média de crias viáveis por ninho será de 1,6, número que passa para 2,2 com 1 ajudante e até 4,3 com mais de 3 ajudantes.

Os contrário de outras espécies que também manifestam criação cooperativa, não existe normalmente qualquer parentesco entre os pais e os ajudantes. A ajuda parece basear-se numa espera de reciprocidade a prazo: um ajudante conta que lhe devolvam o favor mais tarde, quando dele tiver necessidade ...

É bastante difícil de fotografar pois, além de arisca, não pára quieta mais do que 1 segundo ... Estas fotografias foram obtidas nos pinhais algarvios, entre a Quinta do Lago e Vilamoura.

segunda-feira, maio 15, 2006

Andar (12) ... na Serra do Caldeirão na primavera











Ver (16) ... as Orchis

As orquídeas do género Orchis são belas e elegantes. Existem em Portugal 14 espécies e sub-espécies deste género, das quais 5 são consideradas muito raras e 4 raras.

As 3 espécias apresentadas são as mais vulgares, existindo a Sul do Rio Vouga até ao Algarve.

Orchis conica da Serra de Aire e Candeeiros


Orchis mascula da Serra de Montejunto


Pormenor das flores de Orchis mascula



Orchis italica junto a Bucelas

domingo, maio 07, 2006

Ver outra vez (2) ... o Perna-longa

Penso que as fotografias de aves são compostas por 20 % de conhecimento, 5% de sorte e 75% de persistência ...

Passando 20 vezes no mesmo local (que tem que ser um bom local), uma ave que nunca lá esteve de repente aparece .... ou das aves que lá estão, há uma debandada geral, mas uma resolve ficar ... e deixa-me aproximar a 10 metros de distância, para obter AQUELA fotografia !

Isto tem-me acontecido inúmeras vezes. Apresento algumas fotografias de perna-longas que entretanto fui tirando.

A primeira foto foi tirada na Lagoa dos Salgados, a segunda no sapal de Castro Marim e as restantes na Ribeira das Enguias.