quarta-feira, outubro 26, 2005

Ver o arquivo (1) ... Pocinho, 1972

Em 1972, a linha do Douro estava no seu pleno funcionamento, e o Pocinho era uma importante entroncamento ferroviário, onde terminava a linha do Sabor. Esse mesmo rio onde hoje a construção de uma barragem está suspensa por questões ambientais. Já não vou lá há alguns anos, mas dizem-me que este rio se mantém puro e inalterado como em 1972.

Hoje, a linha do Douro já não acaba em Barca D’Alva, mas sim no Pocinho, e a linha do Sabor (que ligava Duas Igrejas, Miranda do Douro ao Pocinho) foi desactivada em 1988. Outras linhas e troços foram também desactivados.

É uma pena ... Resta hoje o prazer de percorrer os troços ainda activos, caminhar pelas linhas abandonadas, ver as estações, e claro, fotografar tudo !



"Batateiro”, Pocinho, 1972

Referências:
http://www.douronet.pt/

segunda-feira, outubro 24, 2005

Ver (3) ... a Lua

A lua deve ser o astro mais fotografado, dado que o Sol apresenta algumas particularidades que referiremos numa próxima oportunidade (excesso de luminosidade, e talvez, menos interesse, excepto nos eclipses), e os outros planetas ou estrelas, mesmo os mais próximos, requererem focais e exposições muito grandes, o que normalmente não é compatível com o respectivo movimento aliado ao movimento da Terra.

Com exposições superiores a 5 segundos para uma objectiva de 100 mm ou 1 segundo para uma objectiva de 500 mm, ver-se-á o rasto do planeta ... Uma imagem nítida só é possível com dispositivos que sigam o movimento, como alguns telescópios possuem. É outra história ...

Um dos aspectos a considerar na fotografia da Lua é o tamanho que se pretende que o satélite da Terra tenha. O tamanho da lua é aproximadamente igual à distância focal da objectiva / 109, o que quer dizer que com uma máquina digital como a Canon EOS300D, que tem um factor multiplicativo de 1,6, e utilizando a objectiva standard na sua focal mais elevada, 55 mm, que corresponde de facto a 88 mm, obtemos uma imagem da Lua com 0,8 mm. É um pontinho ...


A Nazaré vista do Sítio, em 13 de Outubro de 2005 às 19h23 m,
cerca de 1/2 hora após o pôr do Sol
Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 18 mm, 200 ASA, 1/6 s a f:3,5

Utilizando uma objectiva de 500 mm, equivalente a 800mm, obtemos uma lua com 7,3 mm, cerca de 1/2 da altura do sensor (que tem 22,7 x 15,1 mm). Já dá para ver qualquer coisa...

Na foto directa da lua, a exposição variará consoante a fase, sendo um bom valor de partida a 200 ASA e f:8, 1/250 (encontro normalmente a referência de, a f:11, usar a velocidade igual a 1/sensibilidade em ASA). Fazendo 5 exposições (1/60, 1/125, 1/250, 1/500 e 1/1000) acertaremos quase de certeza.

A lua em Lisboa a 23 de Março de 2005
Canon EOS300D com Tokina 500mm, 1600 ASA, 1/1000 a f:8

A luz da lua, especialmente da lua cheia, permite que sejam tiradas fotografias muito interessantes. Utilizando exposições longas, consegue-se ver o que o olho humano não consegue:


Vista do rio Douro junto à Barragem do Carrapatelo, em noite de lua cheia

(17 de Setembro de 2005, 22h)

Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 41 mm, 800 ASA, 30 s a f:5,6


Ah é verdade, duas destas três fotografias foram tiradas com tripé: a segunda e a terceira. A primeira foi apoiada num candeeiro, o que como se vê não é a mesma coisa ... Use um tripé sempre que possa !

Uma curiosidade: umas vezes a lua parece maior que outras, mas de facto a lua é sempre vista da Terra com a mesma dimensão. A lua parecer maior quando está junto ao horizonte não passa de uma ilusão de óptica, dado que sendo comparada com edifícios ou árvores parece maior do que quando está rodeada apenas do negro do céu. Este facto pode ser comprovado fotografando as duas ocasiões: vai ver que no ficheiro a lua tem sempre o mesmo tamanho!


Referências:

http://home.hiwaay.net/~krcool/Astro/moon/howtophoto/

http://www.netaxs.com/~mhmyers/moon.tn.html

http://www.calphoto.com/moon.htm

http://www.danheller.com/moon.html#2

domingo, outubro 23, 2005

Ver (2) ... Orquídeas (Introdução)

As plantas vulgarmente chamadas orquídeas pertencem à família dos Orchidaceae, que inclui mais de 20.000 espécies em todo o mundo. Têm sido criados inúmeros híbridos por cruzamentos entre as espécies, dado as orquídeas terem elevado valor como planta ornamental.

Grande parte destas plantas são epífitas, ou seja, não vivem no solo mas sim sobre outras plantas. As orquídeas terrestres, não sendo capazes por si de sintetizar os alimentos como a generalidade das plantas, têm uma peculiar aliança com um fungo subterrâneo – chamado michrorriza – o que lhes permite assim obter a partir da água, do ar e dos sais minerais os compostos que as outras plantas sintetizam naturalmente pela chamada função clorofilina.

Por esta razão, as orquídeas normalmente não vivem isoladas, sendo possível encontrar por vezes grandes grupos em zonas bem delimitadas.

Em Portugal Continental, estão presentes pouco mais de 50 espécies, todas terrestres. Existem algumas espécies que só existem em zonas muito restritas, como por exemplo, na Serra do Caramulo.

As orquídeas estão presentes um pouco por todo o país, sendo mais abundantes nas zonas calcáreas, como por exemplo a Serra de Aire e Candeeiros, a Serra de Montejunto, a Serra da Arrábida e a Serra do Caldeirão. Mas encontram-se em todo o país, excepto em zonas muito secas ou muito arenosas.

A época de floração vai de Fevereiro a Maio, e as orquídeas vivem normalmente em grupos, que podem ser extensos. Assim, se encontrar uma orquídea, procure com cuidado pois é provável que encontre outras.

As orquídeas existentes em Portugal não estão sujeitas a estatuto especial de conservação, mas devem ser fotografadas, disfrutadas na sua beleza, mas não estragadas ou colhidas. Não tente apanhar uma orquídea com a intenção de a plantar em casa, porque não conseguirá. Lembre-se que sem o fungo presente no solo, esta planta não consegue sobreviver ...

Grupo de Barlia robertiana num olival da Serra de Aire e Candeeiros

(continua)...

sábado, outubro 22, 2005

Ver (1) ... Kika, a gata

Era um dia sem sol, ao fim da tarde, e a Kika estava na varanda ... e resolvi aproveitar ! Peguei na máquina ...


Até aqui, estava tudo bem, um pouco curiosa, mas nada mais. Até que entrou dentro de casa, e aí as coisas começaram a complicar-se.

Usei o flash, e além das fotos ficarem muito fracas, a partir daqui a modelo refugiou-se debaixo da cama da dona ... nada mais havia a fazer no local. Aprendi que os gatos e os flashes não são compatíveis.


Passei então à fase de processamento no Photoshop. Rever as fotos, escolher as melhores, tratar as imagens, retocar os fundos e os bigodes ... E o resultado final aí está.





















Andar (1) ... no Montado

O sobreiro (Quercus suber), surgiu no final do Miocénico no Mediterrâneo Ocidental (na mesma altura em que os primeiros hominídeos apareciam em África...). Com a fixação dos agregados familiares, o sobreiro passa a ser encarado pelo homem primitivo como um bem precioso, fonte de alimento, de lenha e de material para o revestimento e isolamento das casas.

O Montado é um ecossistema criado pelo Homem, através do corte de Azinheiras, Sobreiros e Pinheiros no Bosque Mediterrânico original, o que, complementado com práticas agrícolas e de pastoreio específicas, criou este habitat tão característico do Sul da Península Ibérica.

Belo sobreiro em Stº Estevão

Para o fomento dos sobreiros contribuiu grandemente o facto de passarem a ser encarados, desde meados do século XVIII, como matéria-prima indispensável à produção de rolhas para engarrafamento de bebidas.

Tal deve-se ao famoso Pierre Pérignon (que agora é conhecido por D. Perignon ...), dispenseiro da abadia de Hautvillers, que adoptou a cortiça como vedante das garrafas do vinho espumoso da região - o Champagne - em substituição da lascas de madeira forradas a canhâmo e embebidas em azeite.

Pancas, Alcochete, 25 de Abril de 2005

Pancas, Alcochete, 24 de Março de 2005

A realização de cortes rasos para ocupação agrícola com cereais, as podas violentas e o abandono puro e simples a que estiveram votados os montados, contribuíram para uma acentuada degradação destes ecossistemas, estando o montado actualmente em declínio.

Associados a estes factores de degradação surgiram as alterações climáticas, a poluição e uma série de pragas e doenças, que debilitam as árvores, de tal forma que qualquer desequilíbrio fisiológico a pode levar à morte.

O início


Vivo em Lisboa. Mas trabalho e viajo um pouco por todo o País. Decidi partilhar experiências, opinões, e ideias sobre os locais por onde ando, o que vejo, como, fotografo e encontro nas minhas viagens.

Vão poder encontrar aqui tudo o que me for lembrando, desde as orquídeas aos gatos, à pesca desportiva, e claro, às viagens e gastronomia.