segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Ver outra vez (1) ... o Perna-longa

Mais fotografias do perna-longa tiradas perto da Ribeira das Enguias, junto a Alcochete.






Algumas informações complementares do SIPNAT do ICN sobre o perna-longa:

MORFOLOGIA GERAL: Limícola de patas e bico longo, com asas e escapulares negras restantes partes do corpo brancas, patas vermelhas e bico negro. A nuca e coberturas auriculares podem ser brancas ou acinzentadas em alguns indivíduos. O macho em plumagem nupcial apresenta as tonalidades escuras mais brilhantes do que a femêa.

LONGEVIDADE: o máximo conhecido foi de 12 anos e 2 meses.

HABITAT: Zonas húmidas de tipologia muito variada, quer em ambiente estuarino (salinas), quer em ambiente palustrino (arrozais, paúis).

MOVIMENTOS/MIGRAÇÕES: A população nidificante a Norte do Sado (Aveiro/Figueira/Tejo) é claramente migratória abandonando as áres de cria no final de Agosto. Nas restantes zonas é parcialmente sedentária, registando-se no entanto movimentos dispersivos difíceis de interpretar.

ACTIVIDADES/HÁBITOS: Normalmente com nidificação do tipo colonial/gregária, variando muito o número de casais e a distância entre os ninhos, podendo ocorrer situações desde dois a três casais distanciados por vários metros, até dezenas de casais com ninhos separados por escassos centímetros. No caso de hipotéticas ameaças provocadas por intrusos toda a colónia se levanta emitindo gritos de alarme e efectuando vôos rasantes. Ambos os sexos constroem o ninho, incubam e cuidam da ninhada, prolongando-se por vezes os cuidados parentais durante a dispersão pós nupcial e mesmo até ao período de Inverno.

ALIMENTAÇÃO: Invertebrados (larvas de insectos, Artemia salina, etc.)

REPRODUÇÃO: Atinge a maturidade sexual normalmente apenas ao fim do 2º/3º ano de vida, havendo no entanto registos de nidificação com sucesso ao primeiro ano de vida. Inicia o acasalamento no final de Março meados de Abril, prolongando-se a época de cria até meados de Julho. No caso de ocorrerem perdas significativas no início da época podem ocorrer segundas posturas. Normalmente põe quatro ovos.

PREDADORES/COMPETIDORES: As posturas e juvenis são predados por ratazanas, cães e gatos assilvestrados. É frequente também a predação de juvenis por aves de presa, nomeadamente Águia-sapeira.

Andar (8) ... na Floresta Laurissilva da Madeira

É extraordinário que na ilha da Madeira e nas ilhas dos Açores ainda existam hoje em dia restos da floresta original, que cobria estas ilhas quando os Portugueses as “descobriram” no final do século XV (à mais de 500 anos...).

Segundo narrativas contemporâneas da descoberta da Madeira (1420), toda a ilha seria coberta por um denso arvoredo: daí a designação “Madeira” por parte dos navegadores portugueses.
Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 18 mm, 400 ASA, 1/250 s, f: 3,5

Laurissilva é o nome pelo qual é conhecida a floresta original da Madeira, aquela que já existia aquando da chegada dos descobridores portugueses. Esta designação provém do latim, Laurus (loureiro, lauráceas) e Silva (floresta, bosque).
A floresta Laurissilva apresenta um aspecto uniforme, sempre verde, ao longo de todo o ano, dado que a quase totalidade das árvores e dos arbustos que a compõem, nunca perdem a folha.

Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 18 mm, 400 ASA, 1/640 s, f: 3,5

Os especialistas classificam-na como um dos maiores tesouros naturais do mundo. Tudo porque mantém um coberto vegetal pré-histórico, formado por espécies botânicas cuja origem remonta a um período entre os 65 e os 2 milhões de anos.

Esta "floresta primitiva" tem características tropicais e um grande equilíbrio ambiental.

Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 18 mm, 400 ASA, 1/25 s, f: 3,5

A Laurissilva madeirense ocupa uma superfície de 15000 hectares (representando 20% do total da ilha), nas encostas viradas a Norte, numa faixa que vai desde os 300 aos 1300 metros de altitude, revestindo de forma luxuriante as íngremes vertentes e os profundos e alcantilados vales do remoto interior, representando nos nossos dias a mais extensa e a melhor conservada Laurissilva das ilhas atlânticas.

É Património Mundial Natural da UNESCO desde 2 de Dezembro de 1999.

Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 18 mm, 400 ASA, 1/40 s, f: 4

Trata-se de uma floresta com características subtropicais, húmida, cuja origem remonta ao Terciário onde chegou a ocupar vastas extensões do Sul da Europa e da bacia do Mediterrâneo. As últimas glaciações levaram ao seu desaparecimento no continente europeu.

Os arquipélagos do Atlântico Norte, nomeadamente, Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde conseguiram manter grande parte dessa ancestral vegetação graças à capacidade termo-reguladora do oceano que os envolve.

Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 18 mm, 400 ASA, 1/60 s, f: 4

As humidades trazidas pelos ventos dominantes de Nordeste, são retidas e condensadas pela Laurissilva que proporciona, assim, abundantes caudais de que dependem a irrigação dos campos agrícolas e o abastecimento de água aos centros urbanos.

Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 18 mm, 400 ASA, 1/20 s, f: 4

Desde os primórdios da colonização da ilha da Madeira, os caudais que a "floresta produtora de água" proporciona foram vitais para a economia da ilha.

A partir da segunda metade do século XX, as águas, transportadas por extensas "levadas", passaram a produzir energia nas centrais hidroeléctricas. Mas isso foi outra viagem ...

Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 55 mm, 400 ASA, 1/40 s, f: 5,6



Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 18 mm, 400 ASA, 1/25 s, f: 4

Canon EOS300D com EF-S 18-55 a 30 mm, 400 ASA, 1/30 s, f: 4

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Ver (11) ... a Cegonha-branca

A cegonha-branca Ciconia ciconia é uma ave inconfundível, de grande envergadura (cerca de 1,5 m) tem bico e patas vermelhas, plumagem branca e penas de voo pretas.

Normalmente estiva em Portugal e inverna no Norte de África, mas existem já muitas aves cá residentes, e ainda outras, provenientes do Norte da Europa, que invernam em Portugal.

Migra em bandos desordenados, sem sincronia nem formação. As cegonhas europeias atravessam o Mediterrâneo por Gibraltar, ou pelo Bósforo (Turquia).

Habitam em zonas abertas, pastagens, pousios ou culturas de sequeiro, montados, arrozais, charcos, açudes e barragens.

Caminha devagar e de forma pausada e característica, e voa com o pescoço esticado, podendo pairar a grande altitude. Alimenta-se de insectos, vermes e pequenos vertebrados, que caça caminhando com o bico apontado para o chão.

Por muito que a REN se esforce, as cegonhas continuam a fazer ninhos em postes de electricidade

Reproduz-se de Março a Abril em colónias, frequentemente com garças, instalando o ninho em árvores ou estruturas artificiais (chaminés, postes telefónicos ou de electricidade) com reutilizações sucessivas.

Conjunto de ninhos numa árvore já morta; notar os 2 corvos-marinhos-de-faces-brancas que descansam ...

Canon EOS300D com EF 75-300 III USM a 300 mm, 400 ASA, 1/1.600 s, f: 5.6

O seu canto é ouvido a grandes distâncias, obtido por batimentos rápidos do bico, normalmente associados à total curvatura da cabeça para trás.

Põe de 3 a 5 ovos, que incuba durante 30 dias. As crias estão aptas a voar em cerca de 60 dias.

O imponente voo da cegonha

Canon EOS300D com SIGMA 70-300 DG APO a 300 mm, 400 ASA, 1/2.500 s, f: 6.3

Cegonha a pairar
Canon EOS300D com EF 75-300 III USM a 180 mm, 200 ASA, 1/2.500 s, f: 5.6



Cegonha no campo

Canon EOS300D com EF 75-300 III USM a 300 mm, 400 ASA, 1/1.600 s, f: 5.6

A principal causa de morte de cegonhas, em Portugal, deverá ser a electrocussão (lembro-me que há uns anos houve um apagão no Sul de Portugal provocado por uma cegonha ...), mas no geral é uma ave respeitada pela população.


As duas cegonhas cantam alternadamente
Canon EOS300D com SIGMA 70-300 DG APO a 300 mm, 400 ASA, 1/3.200 s, f: 6.3

Andar (7) ... na Serra do Buçaco

A Serra do Buçaco é uma zona vedada e muito vigiada, e tem sido poupada pelos incêndios de Verão. O ordenamento de uma zona como o Buçaco é um compromisso entre a manutenção da vegetação existente e a necessidade de limpeza dos matos, que a fazer-se sem método iria em grande medida descaracterizar a floresta.
Até mesmo as casas dos guardas florestais são especiais, no Buçaco
Não se conhece ao certo a história da mata em tempos mais longínquos. No séc. II foi provavelmente um refúgio para os primeiros cristãos. No séc. VI os Beneditos fundaram o seu mosteiro na Vacariça, povoação a 5 Km do Buçaco.

Em 1094 era já posse do bispo de Coimbra, que em 1628 a vendeu à ordem dos Carmelitas Descalços. O convento, ermidas, muros e caminhos foram por eles construídos, tendo também plantado e tratado as árvores da mata.

O Palace do Buçaco

Os monges Carmelitas encontraram nela uma grande diversidade de vegetação. As condições climáticas da região, nomeadamente a abundância de precipitação (1500mm/ano), favoreciam esta diversidade. Dada a sua cultura religiosa e a ligação à natureza os monges contribuíram de forma significativa para o aumento da diversidade existente, replantando e introduzindo novas espécies.

Os ciprestes e os cedros são bastante representativos na Mata e são exemplos marcantes da ligação a textos bíblicos (Os cedros e os ciprestes eram associados ao Líbano e ao Monte Sião, em Jerusalém ... As madeiras da Cruz são Cedros e Ciprestes).

O gigante Adamastor no painel de azulejos do Palace do Buçaco; se Luis de Camões fosse inglês, esta personagem chamar-se-ia, talvez, Adam Astor ... como o autor deste blogue !!!

Durante todo o período de ocupação do Buçaco pelos Carmelitas (de 1628 a 1834), além da plantação de espécies da região ou oriundas de regiões mais distantes, esta ordem religiosa preservou todo o património natural e foi construíndo o que, ainda hoje, constitui motivo de visita a este recanto da Serra do Buçaco.

Em 1810 ocorreu a batalha do Buçaco, onde os Portugueses e seus aliados Ingleses lutaram contra as tropas de Napoleão Bonaparte. Como memórias dessa batalha existem ainda hoje o Obelisco, o Museu e a Oliveira onde o Duque de Wellington amarrou o seu cavalo, perto do convento onde pernoitou.

Existem muitos percurso que se podem fazer

Em 1834 a mata passou a propriedade do estado, tendo sido então introduzidas muitas espécies novas. As cruzes foram trocadas por capelas no séc. XIX, com figuras em terracota, mostrando os vários passos da paixão de Cristo.

O que fazer na zona do Buçaco:
· andar pelos inúmeros caminhos na mata
· ir ao museu
· ir aos miradouros
· apreciar o hotel e os jardins
· ir almoçar ao Típico ou ao Manuel Júlio

Pode ver os circuitos pedestres em :
http://www.asterisco.com.pt/bucaco/circuitos/index.html

Estes percursos botânicos foram traçados tendo em vista proporcionar uma boa imagem da diversidade arbórea da Mata. Não é possível passar por todas as espécies, pois existem pelo menos 400 autóctones e 300 introduzidas.


Foram plantadas muitas espécies exóticas, como por exemplo estes fetos arbóreos

Existem na zona uma grande variedade de hotéis, dos quais devo referir os hotéis da Curia (Termas e Grande Hotel) , do Luso (Termas e Luso) e claro, o Hotel Palace do Buçaco (só para quem estiver endinheirado ...ou quiser comemorar uma data especial).

O Palace do Buçaço, antigo pavilhão de caça do Rei D. Carlos I, é uma obra-prima da arquitectura neo-manuelina (o seu autor, Luigi Manini, foi o mesmo da Quinta da Regaleira).

Vale pelo enquadramento, pelo conjunto, pelos quartos e salas 5 estrelas, pelo serviço ... pode pelo menos lá ir almoçar, embora a comida seja o menos especial de tudo ... tem é que beber sem dúvida o famoso vinho do Buçaco, forte e licoroso, e por isso com uma longevidade invulgar, especialmente nos vinhos brancos. Um branco com 5 anos parece vinho do Porto com 20 !

Tem por fora um conjunto espectacular de azulejos do início do século XX (1906) da autoria de Jorge Colaço, retratando cenas de Os Lusíadas, de Autos de Gil Vicente e da obra Menina e Moça de Bernardim Ribeiro.

Por curiosidade, uma fotografia de Luigi Manini

Ou então ... pense só no que seria tomar banho numa piscina cheia ... de água do Luso! Aí pode beber água à vontade ... Estes hóteis não são novos, mas estão em bom estado. E os preços são altamente convidativos, por exemplo € 30/noite para o Hotel do Luso e para reservas feitas pela internet.

Referências:

http://www.asterisco.com.pt/bucaco/arquitectura/palace.html